segunda-feira, 22 de abril de 2019

Ajude o projeto Heroínas dessa História





O projeto Heroínas dessa História retrata a trajetória de mulheres que perderam seus familiares durante a ditadura militar que se instalou em 1964 e que desde então têm lutado por memória, verdade e justiça. São histórias inspiradoras e de luta e que, no entanto, ainda permanecem em grande parte desconhecidas. Trata-se de uma iniciativa voltada para a garantia do direito à memória e à verdade, ajudando a denunciar as violações de direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro – o que se mostra cada vez mais importante, principalmente diante das recentes tentativas de revisionismo histórico sobre o período.

Produtos. A intenção é produzir uma série de publicações com o perfil de cada uma das mais de 70 mulheres já mapeadas, ajudando a mostrar uma face ainda pouco visível da ditadura civil-militar brasileira, bem como um documentário com relatos inéditos.
  • 1ª edição. A primeira edição do livro já está em andamento e deve ser lançada no segundo semestre de 2019 (o evento de lançamento também depende da captação). Para a conclusão desta publicação inicial, os custos incluem, além da impressão e distribuição, uma pesquisa aprofundada de cada uma dessas histórias conduzida por jornalistas renomadas e com grande sensibilidade, além de um estilo de escrita literário capaz de tratar o tema com a delicadeza que se requer. Ao lado da revisão bibliográfica e documental, a pesquisa tem sido realizada por meio de várias rodadas de entrevistas a familiares e à própria perfilada, quando possível, incluindo ainda custos de passagens e diárias, no caso das personagens de outros estados.
  • Próximas edições. A intenção do Instituto Vladimir Herzog é que o projeto seja permanente e que a cada dois anos seja lançada uma nova edição do Heroínas dessa História, haja vista que são muitas as mulheres que lutaram e lutam para manter viva a memória de seus familiares e exigir do Estado as respostas ainda devidas. A pesquisa inicialmente realizada levantou mais de setenta mulheres e esse número só tende a aumentar.
  • Documentário. Além disso, o projeto também prevê a produção de um documentário com as entrevistas com essas mulheres e seus familiares, trazendo fatos inéditos desse quebra-cabeças que tanto custa a fechar. As entrevistas já têm sido registradas em qualidade cinematográfica e captação ajudará na produção, edição e finalização do documentário. A intenção é captar aspectos ainda desconhecidos dessas histórias e colaborar para a ativação, a construção e a materialização da memória coletiva sobre o período.
Distribuição do financiamento. Esta campanha de financiamento coletivo engloba todos esses produtos e está distribuída da seguinte forma:
  • Conclusão da primeira edição do livro Heroínas dessa História – R$ 40 mil
  • Captação para o início da segunda edição do livro – R$ 30 mil
  • Evento de lançamento do livro, que ocorrerá em São Paulo, com a presença de autoras e perfiladas – R$ 20 mil
  • Produção do documentário – R$ 60 mil

Modalidade de arrecadação. Vale destacar que a campanha foi montada na modalidade flex, ou seja, qualquer montante arrecadado será revertido para o projeto, independente do alcance integral da meta. Por isso, toda doação representa uma contribuição fundamental para que essa ação se concretize.

Quem são as mulheres retratadas?


Ana Dias: Liderança da Zona Sul de São Paulo que organizou a luta de mulheres por direitos e viúva do operário Santo Dias, assassinado pela ditadura. Participa ativamente do Comitê Santo Dias e anualmente organiza atos no local onde Santo foi morto.
Carolina Rewaptu: Cacica da Terra Indígena Xavante Marãiwatsédé, Carolina aprendeu português e se tornou professora para ajudar as pessoas de seu povo a entender o mundo dos brancos e a contar sua própria história, também em português: a história de um povo que sobreviveu a uma tentativa de genocídio e, 46 anos depois, apoiado na memória dos mais velhos, fez Justiça ao retomar suas terras.
Clarice Herzog: Publicitária, Clarice tem travado uma luta contínua para esclarecer as circunstâncias e os responsáveis pela morte de seu companheiro, o jornalista Vladimir Herzog, preso, torturado e assassinado no DOI-Codi. Recentemente conquistou a condenação do Estado brasileiro pela omissão em elucidar o crime e punir os torturadores.
Clara Charf: Foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e da Ação Libertadora Nacional (ALN), fundada por seu companheiro de vida e militância Carlos Marighella, morto em em 1969. Clara se exilou em Cuba, onde viveu até 1979. Desde o retorno, tem lutado para manter viva a memória do companheiro.
Crimeia Schmidt de Almeida: Ex-guerrilheira do Araguaia, companheira de Andre Grabois, desaparecido em 1973. Aos seis meses e meio de gravidez, foi sequestrada e torturada. Uma das fundadoras da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos. Em 2005, ela e familiares foram vitoriosos em ação movida contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, primeiro agente da ditadura a ser declarado torturador.
Damaris Lucena: Operária maranhense, atuou na militância sindical e de oposição à ditadura. Foi companheira de Antônio Raymundo Lucena, morto em 1970. Damaris foi presa junto com os filhos e torturada nas dependências da Oban. Banida do país, foi para o México com os filhos e de lá para Cuba, onde ficou até a Anistia. Desde então luta por Justiça pelo marido.
Diana Piló Oliveira: Mãe de Pedro Alexandrino Oliveira Filho, o “Peri’, desaparecido em 1974. Sua casa foi várias vezes invadida por policiais à procura de Pedrinho. Não suportando as constantes invasões, Diana, mudou-se para o Rio de Janeiro para tentar ter notícias do paradeiro do filho, o que aguarda até hoje, aos 95 anos.
Elizabeth Teixeira: Liderança camponesa, militou nas Ligas Camponesas e até hoje é grande uma referência. Presa várias vezes, perseguida pela ditadura e por jagunços, teve que ir para a clandestinidade após o assassinato do marido, João Pedro Teixeira, em 1962. Fugindo da perseguição, Elizabeth e os 11 filhos não conseguiram seguir juntos para escapar da morte: cada um foi para um canto diferente do Brasil.
Elzita Santa Cruz: Um século de vida, metade dedicada à luta pela memória. Ela ainda espera estar viva para receber notícias do filho, Fernando Santa Cruz, desaparecido nas mãos do Estado, em 1974. Sua busca inspirou outras famílias Brasil afora e ela tornou-se um símbolo da luta pela memória dos anos de chumbo.
Eunice Paiva: Foi casada com o deputado Rubens Paiva, desaparecido pela ditadura em 1971. Ficou 12 dias presa no DOI-Codi do Rio de Janeiro com a filha de 15 anos. Eunice passou a exigir a verdade sobre o paradeiro do marido, o reconhecimento de sua morte e a revelação de onde o corpo estaria enterrado, o que jamais descobriu. Formou-se advogada aos 47 anos e passou a militar pela verdade e direitos civis dos desaparecidos e de seus familiares.
Genivalda Melo da Silva: Foi casada com José Manoel da Silva, cabo da Marinha morto pela ditadura na ação conhecida como Massacre da Chácara São Bento, em 1973, e enterrado como indigente. Após a morte do marido, foi presa e estuprada. Depois de solta, não desistiu até conseguir enterrar as ossadas do marido em sua terra natal, em 1995.
Ilda Martins da Silva: operária e associada aos sindicato dos químicos, Ilda ficou viúva de Virgílio Gomes da Silva, o primeiro desaparecido da ditadura militar. Em 1969, no dia seguinte à morte do marido, foi presa com três de seus quatro filhos, sofrendo torturas físicas e psicológicas. Ficou detida por nove meses, na maior parte do tempo incomunicável. Depois, sem conseguir emprego, exilou-se no Chile e depois em Cuba, com os filhos, onde permaneceu até que se formassem. Ilda segue lutando para saber onde está o corpo do marido.
Maria José Araújo: mãe de Luiz Almeida de Araújo, desaparecido em São Paulo numa ação até hoje não esclarecida. Foi de Recife até a sede do DOI-CODI/SP com seu outro filho, Manoel, onde sofreram uma série de constrangimentos. Dona Maria José ainda aguarda respostas do Estado sobre o paradeiro do filho.
Marli Pereira Soares: Ficou conhecida como Marli Coragem, pois em 1979 testemunhou o assassinato de seu irmão, Paulo, pela polícia militar, no Rio de Janeiro. Enquanto estava na delegacia para fazer a denúncia, reconheceu e apontou um dos assassinos de seu irmão, que nunca foi preso. Ao contrário, passou a sofrer ameaças e se manteve escondida por muito tempo. Anos mais tarde, seu filho Sandro, de 15 anos, também foi assassinado pela polícia.
Zuzu Angel: Estilista internacionalmente conhecida, procurou incansavelmente o filho, Stuart Edgard Angel Jones, morto pela ditadura, abordando autoridades nacionais e internacionais e concedendo entrevistas à imprensa, tendo alcançado grande repercussão. Morta em circunstâncias suspeitas,e acredita-se que possa ter sido também vítima dos agentes da repressão.

Página do Catarse

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