terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Janeiro Roxo na luta contra a Hanseníase

O Dia Mundial de Luta contra Hanseníase é celebrado sempre no último domingo de janeiro de cada ano. A data tem como objetivo esclarecer a população sobre as causas, os sintomas e o tratamento da doença que ainda gera muito preconceito. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2017, houve uma redução de 34,1% no número de casos novos diagnosticados no Brasil, passando de 43.652, em 2006, para 28.761 no ano de 2015. A redução está associada à queda de 39,7% da taxa de detecção geral do País, que passou de 23,37 por 100 mil habitantes, em 2006, para 14,07/100 mil habitantes em 2015.

A hanseníase, antigamente conhecida como lepra, é uma doença infecciosa, transmissível e curável que atinge principalmente a pele e os nervos periféricos, mas também pode afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos. O dermatologista do Hospital São Marcos – Rede D’Or São Luiz, Dr. Marcos Miranda, explica que a doença é causada por um micróbio que ataca a pele e a mucosa nasal e sua transmissão acontece através das vias respiratórias, caso o portador não esteja sendo tratado. Ainda de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a maior parte da população é resistente ao micróbio e não desenvolve a doença.

Os principais sintomas na pele são manchas avermelhadas ou esbranquiçadas em regiões que perdem a sensibilidade, perda de pelos na região afetada, nódulos, dores, cãibras formigamento de mãos e pés. Já nos nervos, há a perda de movimento de pés e mãos, diminuição da força muscular, ressecamento dos olhos, atrofia dos dedos. A hanseníase tem uma evolução lenta e, em média, 95% dos bacilos são eliminados na primeira dose do tratamento, ficando incapaz de transmitir a doença a outras pessoas. O médico esclarece que a manifestação da doença depende muito do sistema imunológico do individuo.

“O diagnóstico, em sua grande maioria, é feito através de avaliação clínica, através dos sinais e sintomas detectados. Mas, em alguns casos, exames laboratoriais como biopsia, podem ser necessários”, explica Dr. Marcos. Seu tratamento, chamado de Poliquimioterapia (PQT), é ambulatorial e consiste na associação de antibióticos. “Ele pode durar de 6 a 24 meses, vai depender da gravidade das manifestações e da resposta de cada paciente ao tratamento”, diz o médico. Durante o período de tratamento, o paciente não precisa ficar isolado, como se imaginava antes. “Ele pode realizar suas atividades normalmente, sem restrições”, afirma o especialista.

A hanseníase não é transmitida através de:

- Copos, pratos, talheres, portanto não há necessidade de separar utensílios domésticos da pessoa com hanseníase;

- Assentos, como cadeiras, bancos;

- Apertos de mão, abraço, beijo e contatos rápidos em transporte coletivos ou serviços de saúde;

- Picada de inseto;

- Relação sexual;

- Aleitamento materno;

- Doação de sangue;

- Herança genética ou congênita (gravidez).

O tratamento da hanseníase é gratuito e está disponível para toda a população em todos os postos de saúde. “É importante lembrar que após iniciar o tratamento, o paciente hanseniano deixa de transmitir a doença. É preciso também acabar com o preconceito que ainda existe com relação à hanseníase”, finaliza Dr. Marcos Miranda.