segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Ódio: centro de cidadania LGBT é atacado em São Paulo

O ataque ao Centro de Cidadania LGBT Luiz Carlos Ruas, na região da Consolação, área central de São Paulo, neste fim de semana, mostra “a presença do ódio contra os LGBT e os trabalhadores que ali prestam serviço a essa população”, diz. Em nota, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania também afirma que a casa “foi covardemente invadida e atacada”.

Criado em 2015 como CCLGBT Arouche, o local mudou de nome no final do ano passado, em homenagem ao morador de rua assassinado em 25 de dezembro, na estação Dom Pedro II do Metrô, ao defender duas mulheres transexuais que sofriam agressão no local. No imóvel, que recentemente foi pintado com as cores da bandeira LGBT, também foi instalada a sede do Programa Transcidadania, voltado para transexuais.

“O imóvel foi vandalizado e roubado por pessoas cuja identidade, até o momento, é desconhecida”, diz a secretaria. “No entanto, nenhum objeto levado causou mais dor, tristeza e consternação do que a agressão ao nosso trabalho e tudo que ele representa. Mais do que equipamentos públicos da administração municipal, os Centros de Cidadania LGBT representam um valor e uma postura diante do mundo, a fim de combater todas as violências diariamente enfrentadas pela população LGBT – desde a física até aquela silenciosa na qual todos os direitos são negados, até mesmo de ser chamado pelo nome social.”

Um boletim de ocorrência foi registrado. Segundo a Secretaria de Direitos Humanos, vizinhos manifestaram solidariedade durante todo o dia de hoje (4), chocados com o ataque.

“Quando os responsáveis pela invasão defecam em nosso espaço de trabalho e colocam as fezes no corredor, quando esses mesmos agressores – de posse dos prontuários de pessoas por nós atendidas – rasgam documentos e os utilizam para limpeza, demonstram o desprezo por tudo que estes papéis representam e atestam na defesa dos direitos humanos e na promoção da cidadania. Urinaram em vasos de flores e os deixaram na recepção. Destruíram e sujaram itens pelos quais não tinham interesse, apenas para destruir – cadeiras, gaveteiros, computadores, projetor. Todas as torneiras foram abertas, com o claro objetivo de alagarem a casa. Além disso, todos os cabos dos computadores e da rede de telefonia foram cortados, com a intenção de calar a voz e o trabalho em prol da comunidade LGBT.”

Para a Coordenação de Políticas para LGBT da secretaria, o ataque mostra o tamanho do desafio a ser enfrentado. “Não cruzaremos nossos braços e o trabalho vai continuar, sempre com a participação de toda a equipe do centro – comprometida e engajada na continuidade do serviço. A destruição deste lugar de acolhimento para muitas pessoas não vai nos fazer parar, pelo contrário: nos exorta a continuar trabalhando.”

Portal Sul 21 (RS)