segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Dória recua e defende ração como “suplemento alimentar que não substitui refeições”

Após críticas ao produto apresentado como alimento às famílias carentes, a prefeitura de São Paulo recuou e afirmou que o composto, feito a partir de itens próximos à data do vencimento e fora dos padrões para comercialização, é um suplemento alimentar que não substitui refeições. Ao lançar o produto, o prefeito João Doria anunciou “um alimento completo”. De acordo com o Conselho Regional de Nutrição de São Paulo, o produto fere o direito humano de alimentação adequada.

A farinha é fabricada pela oscip Plataforma Sinergia e vem recebendo o apelido de “ração humana”. Ao falar sobre o composto em sua viagem à Itália, Doria comparou o produto a “comida de astronauta.” Antes, na apresentação no lançamento do programa Política Municipal de Erradicação da Fome, o prefeito classificou o item como “abençoado” e, ao oferecer um granulado feito à base da farinha para que outras pessoas provassem, comparou: “Parece um biscoitinho de polvilho.”

— Esse é um alimento para todos. São alimentos que estariam sendo jogados no lixo e que são reaproveitados, com toda a segurança alimentar. São liofilizados e se tornam um alimento completo, em proteína, vitaminas e sais minerais. E a partir deste mês de outubro começa a sua distribuição gradual por várias entidades do terceiro setor. Igrejas, templos, sociedade civil organizada, além da prefeitura de São Paulo, para oferecer às pessoas que têm fome. Em São Paulo inicialmente, e depois em todo o Brasil. Este é um produto abençoado — disse o prefeito na ocasião do anúncio.

Nesta segunda-feira, a secretária municipal de Direitos Humanos, Eloísa Arruda, afirmou que o objetivo do composto é combater o desperdício e servir como suplemento nutricional, que não substitui o alimento in natura. Eloísa acrescentou que não será uma distribuição generalizada, mas especificamente para famílias com grave casos de desnutrição.

Diário do Centro do Mundo