sexta-feira, 7 de julho de 2017

Dois diretores do BNDES pedem demissão

Os diretores do BNDES Vinícius Carrasco, da área Planejamento e Pesquisa, e Cláudio Coutinho, da área de Crédito, Financeira e Internacional, pediram demissão na manhã desta sexta-feira. A decisão foi tomada após entrevista do presidente do banco, Paulo Rabello de Castro, ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada hoje. Na entrevista, Paulo Rabello critica a Taxa de Longo Prazo (TLP), que passaria a ser usada em empréstimos do banco de fomento a partir de 2018, com objetivo de reduzir o crédito subsidiado às empresas.

Carrasco e Coutinho, que haviam sido convidados pela ex-presidente do BNDES Maria Silvia, participaram ativamente da construção da fórmula da TLP. Para que ela passe a vigorar, é necessário aprovar no Congresso a Medida Provisória 777, que trata do assunto. O relator da MP, o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), defende uma versão da taxa que não “aniquile” o setor produtivo e sinaliza com mudanças.

Na entrevista concedida ao Estado de S. Paulo, Paulo Rabello dá a entender que a fórmula pode ser revisada. Ele afirma que “num momento muito agudo (de alta desses juros), um projeto de longo prazo pode não resistir financeiramente à TLP”. Na sua avaliação a Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP), que é usada hoje em boa parte de em financiamentos do BNDES dá mais previsibilidade aos empresários.

— Soubemos da opinião do Paulo Rabello de Castro (sobre a TLP) pelo jornal. Ele nunca conversou com a gente sobre o assunto. Diante disso, pedi demissão. Eu acredito nesse projeto (da TLP) e avalio que minha missão no banco foi cumprida — afirmou ao GLOBO Vinícuis Carrasco.

O ex-diretor contou que pediria sua demissão em algum momento, já que fora convidado por Maria Silvia. Mas frisou que a divergência com Paulo Rabello sobre a TLP acelerou a decisão. Ainda mais por ter conhecido a posição do presidente do banco pela mídia.

— O país tem que virar a página do crédito subsidiado. A MP 777 é fundamental. É um projeto que foi amplamante debatido pela Fazenda, pelo Planejamento, pelo Banco Central e pelo BNDES — disse Coutinho. — Aqui no BNDE, eu e Carrasco estávamos à frente dessas discussões. Paulo Rabello vinha mantendo a política da gestão passada. Diante dessa posição (sobre a TLP), me sinto na desobrigação de permanecer no banco.

Jornal Extra (Rio)