segunda-feira, 22 de maio de 2017

RS: pedido o impeachment do governador Sartori

O sindicato dos professores do Rio Grande do Sul, o Cpers, protocolou na manhã desta segunda-feira (22) na Assembleia Legislativa um pedido de impeachment do governador José Ivo Sartori (PMDB). O pedido foi feito após denúncias de uso de dinheiro de propina na campanha ao governo, em 2014.


O documento foi recebido para o chefe de gabinete do presidente da Casa, Edegar Pretto (PT), que está cumprindo agenda, conforme a assessoria de imprensa. O pedido será encaminhado à Procuradoria da Casa para análise e manifestação.


Sartori foi citado pelo executivo da JBS Ricardo Saud. Em delação à Procuradoria Geral da República, Saud disse que R$ 1,5 milhão de propina teriam sido repassados para a campanha do político, a pedido do senador Aécio Neves que, na época, era candidato à presidência.


"Uma coisa que você vai achar engraçada: o Aécio pediu pra dar 1,5 milhão para o PMDB do Rio Grande do Sul", conta Saud na delação.


Questionado se o PMDB já não apoiava o PT na ocasião, o executivo explicou que os dois partidos eram oponentes no segundo turno da eleição para o governo gaúcho. Sartori superou o petista Tarso Genro, que tentava a reeleição.


"Só que lá tem o Ivo Sartori era dissidente, porque o PT tinha candidato lá. Aí o Aécio deu um milhão e meio desse dinheiro dessa propina para o Sartori", diz o delator. "Doação oficial, dissimulada de forma oficial", acrescenta.


Conforme o Cpers, outros quatro pontos identificados por eles fundamentam o pedido de impeachment, além da delação: parcelamento dos salários, pedaladas fiscais, repasse das contribuições previdenciárias, omissão em relação aos reajustes dos servidores públicos.


"Já estamos há 16 meses com nossos salários parcelados. A pedalada que foi feita no ano passado nos obrigou a recorrer a empréstimos no Banrisul. Além disso, nos preocupa o fato do governo descontar as contribuições dos servidores e não repassar ao IPE Previdência. Também trazemos nesse pedido uma averiguação do escândalo em que o governo do Estado teria sido eleito usando recursos da propina da JBS. O nosso pedido tem embasamento jurídico", destacou a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer.



O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Gabriel Souza (PMDB), se manifestou dizendo que o pedido não tem fundamento.


"Não é a primeira vez que o Cpers tem esse tipo de atitude política. Tem indignação seletiva e age como braço ideológico-partidário do PT, esquecendo da educação e dos professores. A sociedade gaúcha já conhece esse jogo. O pedido não tem nenhum fundamento. A Assembleia Legislativa é um Poder sério e responsável, não tenho dúvidas que o destino dessa ação partidarizada sera o arquivo."


Por meio de nota, o governador do Rio Grande do Sul destacou que as doações recebidas pela JBS foram devidamente declaradas à Justiça Eleitoral. Leia abaixo a íntegra do texto, assinado por José Ivo Sartori:


"A doação da JBS para minha campanha foi declarada e com recibo, dentro da legalidade. Repudio qualquer tentativa de me envolver nesse caso. Nunca participei desse mar de lama. E o povo gaúcho pode ter certeza de que não haverá nada que prove em contrário. Minha honra é meu maior patrimônio. Faz parte da minha criação fazer a coisa certa. Não aceito a generalização. Não me misturem com essa gente. Pratico e sempre pratiquei a política da seriedade, da integridade e da transparência. A coordenação da campanha já se pronunciou e está à disposição para prestar qualquer esclarecimento. Espero que haja responsabilidade na abordagem do assunto, com investigação e punição rigorosa para os culpados."


Em nota divulgada na quinta-feira (18), na qual informou ter se licenciado da presidência nacional do PSDB, Aécio disse que a "única prioridade" dele, a partir de agora, será preparar a própria defesa e provar o "absurdo" das acusações, além do "equívoco" das medidas contra ele.


Em 2016, o Cpers também entrou com um pedido de impeachment do governador Sartori, porém pelos salários parcelados. O sindicato alegava que a constituição estava sendo descumprida. Na época, foi arquivado.


Portal G1 - TV RBS