quinta-feira, 4 de maio de 2017

Belchior deixou mais de 200 músicas inéditas

O violonista Diego Figueiredo diz guardar composições inéditas de Belchior, cantor que faleceu no último domingo (30), e cujo corpo foi sepultado nesta terça-feira (2) em Fortaleza (CE). Diego, que é de Franca (SP), foi o último parceiro de Belchior e esteve ao lado do cantor durante seis anos, inclusive, excursionando pelo País e fora dele.

Diego conta que foi em sua chácara, na cidade paulista, que Belchior fez o seu último álbum com composições próprias. “Ele trabalhou em cima dos poemas de Carlos Drummond de Andrade e o resultado foi um álbum duplo muito bom”, conta Diego à reportagem. Segundo ele, para esse trabalho Belchior esteve várias vezes em Franca, o que somente aumentou o vínculo entre os dois artistas.

Juntos eles também fizeram mais de 500 shows por todo o país e em vários países, como a Alemanha. “Me lembro de apresentações maravilhosas em Berlim”, diz Diego. De acordo com ele, esta foi a última fase artística do cantor cearense. “Depois houve o período de reclusão e naquela época eu e outras pessoas não tivemos mais contato com ele, porque tinha uma pessoa que impedia”, conta.

Os dois estiveram juntos entre os anos de 2001 e 2007, ocasião em que o violonista compôs obras com Belchior e ficou conhecendo outros trabalhos ainda inéditos do artista. “Belchior era muito bom nos mais diversos ritmos e fez sambas lindos, lembrando o Paulinho da Viola”, falou à reportagem.

Sobre esses trabalhos, Diego Figueiredo diz que irá conversar com o ex-empresário de Belchior e com a família do artista. “Ele tinha mais de 200 músicas inéditas, por isso, quero saber se eles também têm algum desse material e como posso estar trabalhando com isso”, explicou.

O violonista conta seu trabalho se deve muito a Belchior, que ajudou a divulgar sua carreira -que naquela época ainda estava no início. “Quanto a esse material inédito que ele deixou, a gente trabalhou nele entre os anos de 2002 e 2003”, lembra.

Belchior morreu aos 70 anos de idade em Santa Cruz do Sul (RS) no domingo, 30. Apesar de recluso, ele ainda estaria compondo, mas não vinha gravando discos ou fazendo shows. Nos últimos meses trabalhava em uma tradução da obra de Dante Alighieri.

Já Diego Figueiredo continua residindo em Franca (SP), mas após a parceria com Belchior sua carreira deu um salto e contabilizou parceria com outros grandes músicos do Brasil e do mundo, inclusive, em apresentações conjuntas. Além do violão, Diego toca guitarra, baixo, viola, percussão e bandolim, tendo participado de vários discos como instrumentista. Entre outras conquistas, soma duas premiações no Festival de Jazz de Montreux, fato inédito para um músico brasileiro.

Correio da Bahia