segunda-feira, 24 de abril de 2017

Refinaria em Suape rendeu R$ 90 mi em propina

A implantação da Refinaria Abreu e Lima, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco, teria rendido cerca de R$ 90 milhões em propinas. Os valores teriam beneficiado ex-executivos da Petrobras, além dos partidos políticos PP, PSB e PT, segundo delação premiada feita pelo ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria da Silva.

De acordo com o depoimento de Faria à Procuradoria Geral da República (PGR), as principais empreiteiras do país que atuaram nas obras se reuniam previamente em uma espécie de cartel para definir os valores a serem cobrados e as formas de participação na licitação. Teriam participado do esquema as construtoras Queiroz Galvão, OAS, Odebrecht e Camargo Corrêa.

Ainda segundo a delação do ex-executivo da Odebecht, em 2009 foram assinados dois contratos da ordem de R$ 1,4 bilhão e de R$ 3,19 bilhões e as obras seriam tocadas por um consórcio firmado entre a Odebrecht e a OAS. A Odebrecht, então, teria sido procurada pelo ex-presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) Aldo Guedes, que se apresentou como intermediário do então governador Eduardo campos [PSB, falecido em um acidente aéreo em 2014]. Aldo teria pedido 2% do valor total dos contratos, o equivalente a cerca de R$ 90 milhões. Faria disse que apesar do Governo do Estado não ter participação direta com o projeto, resolveu pagar a propina para "manter uma boa relação". O valor, contudo, teria sido de R$ 15 milhões divididos entre as construtoras.

"Ele (Aldo Guedes) disse que o governo de Pernambuco iria dar apoio incondicional a nós na condução do contrato, com ênfase muito forte nas relações sindicais, uma vez que iríamos ter 50 mil pessoas de todas as contratistas lá na obra", contou Silva à Justiça. O dinheiro teria sido repassado à agência de turismo Mônaco, que em seguida teria repassado o dinheiro a Aldo. Faria também relatou que os ex-¬diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, além do gerente de obras na refinaria Glauco Lagatti, e o ex-deputado federal José Janene (PP¬PR), morto em 2010, também teriam recebido propinas referentes ao projeto.

Portal Brasil 247