segunda-feira, 24 de abril de 2017

Por questão de segurança, Moro adia depoimento de Lula para dia 10 de maio

O juiz federal Sérgio Moro decidiu adiar o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um dos processos ligados à Operação Lava Jato. Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", o petista deveria depor em Curitiba em 3 de maio, mas a data foi alterada para 10, do mesmo mês, por questões de segurança.

A Polícia Federal alega que precisa de mais tempo para organizar o esquema de proteção do local de depoimento, já que o PT planeja enviar caravanas de diversas partes do País para apoiar Lula .

No processo, o ex-presidente é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter recebido R$ 3,7 milhões em "vantagens indevidas" da construtora OAS, incluindo um apartamento tríplex no Guarujá.

Em depoimento a Moro, o ex-presidente da empreiteira Léo Pinheiro disse que o imóvel pertencia à família do ex-presidente e que o petista até lhe pedira para destruir provas. Já a defesa do ex-mandatário afirma que a versão de Pinheiro foi "fabricada" para ele conseguir fechar um acordo de delação premiada.

Denúncia - De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente teria sido beneficiado com propina de aproximadamente R$ 3,7 milhões, pagos pela construtora OAS. Parte do acordo teria sido quitado por meio da compra e reforma do tríplex no condomínio Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo.

A denúncia aponta ainda que a empreiteira OAS teria aceitado, como parte de acertos de propinas destinadas ao PT, entregar e reformar o imóvel – operações que, somadas, equivalem a mais de R$ 2,4 milhões.

Além do episódio envolvendo o apartamento, a construtora também teria pagado, entre 2011 e 2016, as despesas referentes ao armazenamento de presentes que o petista recebeu durante seu período na Presidência da República.

O MPF estima que a empreiteira OAS chegou a pagar cerca de R$ 87,6 milhões em propinas para atuar nas obras das refinarias Abreu e Lima e Presidente Getúlio Vargas, da Petrobras. Deste valor, segundo os procuradores, mais de R$ 3,7 milhões seriam direcionados diretamente ao ex-presidente. A defesa de Lula nega todas as acusações. 

Ansiedade - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite desta segunda-feira 24 em Brasília estar "ansioso" para depor ao juiz Sergio Moro, que julga os processos de primeira instância da Lava Jato.

"Eu estou ansioso para o depoimento ao Sérgio Moro. É meu direito de poder falar. Não estou preocupado com a data, isso é com o juiz Moro", afirmou, no início de sua fala no Seminário de Economia "Estratégias para a economia brasileira: desenvolvimento, soberania e inclusão", organizado pelo PT e pela Fundação Perseu Abramo.

Lula se referia à informação divulgada hoje de que o juiz teria mudado o dia do depoimento de 3 para 10 de maio. E acrescentou: "Entre todos, do Poder Judiciário, do Ministério Público e da imprensa, quem mais deseja a verdade sou eu".

Ele também comentou o depoimento feito pelo ex-executivo da OAS ao juiz Moro, em que afirmou que o triplex do Guarujá pertence ao ex-presidente. "Eu vi agora a pressão que fizeram com o Leo, um cara que já está condenado a 26 anos. Nessa situação ele falaria até da mãe", disse.

"Eu acho que está chegando a hora de parar de falatório e mostrar a prova. Eu quero que eles mostrem um real numa conta minha que seja propina. Não precisa ser 100 milhões, basta um real", completou.

Lula criticou um relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) que defendeu as reformas do governo Temer como essenciais para a retomada do crescimento da economia. "O FMI não tem autoridade moral para dar nenhum palpite sobre o que nós devemos e queremos fazer da nossa economia", disse Lula. "Nós sabemos tomar conta do nosso nariz", acrescentou.

Em crítica direta a Temer, o ex-presidente disse que "esse país está desgovernado". "Esse país não precisa ter alguém ocupando o cargo indevidamente, alguém que não tem popularidade, mas diz que tem voto no Congresso. Esse país precisa ser governado por alguém que saiba cuidar de 204 milhões de pessoas que precisam ser cuidadas", defendeu.

O petista defendeu uma "eleição de qualidade para deputado e senador" e difundir uma mensagem e realizar um debate com mais qualidade. "Temos que descobrir como vamos fazer uma maioria para aprovar essas reformas", alertou.

"Não pode chegar na eleição, após a gente brigar muito, e a bancada ruralista eleger muito mais deputados que nós elegemos. É preciso que a gente leve em conta o discurso de politizar e informar a sociedade brasileira na hora de votar. Algo está errado quando os trabalhadores são maioria no país, mas não são maioria no Congresso. O mesmo com as mulheres, com os negros", destacou.

O petista prometeu que, se for reeleito presidente, não vai almoçar com os Marinho, da TV Globo, nem falar com a revista Veja. "Eles vão ter que entender que estarão lidando com um cidadão diferente. Se não sabem lidar com as mentiras que eles inventarem, eu não posso fazer nada", anunciou.

Ao comentar a pesquisa Vox Populi encomendada pela CUT, divulgada na semana passada, que apontou Lula liderando em todos os cenários, em primeiro e segundo turno, Lula disse: "o que mais me deixa feliz é ver que esse partido é maior do que qualquer um de nós pode imaginar. Sobrevivemos a muitas bombas".

Com informações do Portal IG e do Portal Brasil 247