segunda-feira, 6 de março de 2017

Muçulmanos se oferecem para vigiar locais judaicos contra vândalos nos EUA

Nos últimos dias a comunidade judaica nos EUA se viu às voltas com uma série de ameaças de atentados a sinagogas e centro comunitários, além de dois episódios de vandalismo em cemitérios das cidades de Filadélfia e St. Louis.

Entre as demonstrações de simpatia, chamou a atenção a oferta de muçulmanos para ajudar na vigilância de locais ameaçados. Elas vieram de militares, advogados e mesmo de personalidades praticantes da religião.

A JCC Association  of  North America, uma rede de centros culturais judaicos, denunciou mais de 100 ameaças de bomba nos primeiros dois meses deste ano. Apenas na última segunda-feira, houve 31 ameaças e uma sinagoga no Estado de Indiana teve o vidro de uma janela quebrada com um tiro.

Em tuíte, um ex-fuzileiro naval muçulmano, Tayyib Rashid se ofereceu como vigia. "O Islã requer isso", escreveu ele em sua conta no Twitter:

Rashid, que assina como @MuslimMarine, disse ter visto "todos os tipos de americanos - judeus, cristão, ateus, todo mundo - demonstrando amor e compaixão", além de condenar publicamente os ataques anti-semitas. O tuíte viralizou, com mais de 12 mil curtidas e 5 mil compartilhamentos até sexta-feira.

Entre as respostas que recebeu da comunidade judaica, Rashid foi até convidado para passar a Páscoa judaica na casa de um dos admiradores.

Outros muçulmanos, como o apresentador de TV Momim Bhatti, também usaram as redes sociais para oferecer apoio.


No final de fevereiro, uma campanha de financiamento pela internet iniciada por muçulmanos arrecadou mais de US$ 150 mil para os trabalhos de limpeza e reparos em um cemitério judaico de St. Louis - no último dia 20, mas de 170 lápides foram danificadas. Na mesma semana, 100 lápides foram destruídas em Filadélfia.

A união entre muçulmanos e judeus também se deu na campanha online em que mais de US$ 70 mil foram arrecadados para reparos em uma mesquita vandalizada em New Tampa, no Estado da Flórida.

Um dos representantes da comunidade muçulmana na cidade, Adeel Karim, disse ter ficado impressionado quando viu que muitos doadores eram judeus.

"Não conseguia entender por que algumas das doações vinham em somas estranhas - US$ 18, US$ 36, US$ 72, por exemplo. Quando cliquei nos nomes dos doadores, vi vários nomes de família judaicos. Judeus doam em múltiplos de 18 como forma de desejar ao destinatário uma longa vida", explicou Karim.

BBC Brasil