sexta-feira, 31 de março de 2017

Jornalista promove abaixo-assinado contra notícias falsas

O jornalista e escritor Gilberto Dimenstein, de 51 anos, está promovendo um abaixo assinado na plataforma Change.Org, com o objetivo de que o Departamento de Crimes Eletrônicos do Estado de São Paulo elucide a autoria de notícias caluniosas contra o jornalista. " Fui vítima de informações caluniosas do Jornalivre, associado ao MBL (Movimento Brasil Livre). Mas ninguém consegue dizer quem é o responsável por esta publicação , que figura em várias listas de sites que mais divulgam informações falsas no Brasil. Não é apenas uma guerra individual pelo direito de defesa. Mas sim, em defesa de milhares de pessoas que são vítimas de notícias falsas todos os dias. Em suma, é uma luta pela democracia".

O jornalista criou uma parceria com Departamento de Crimes Eletrônicos do Estado de São Paulo, através do seu responsável, o professor de Cybercrimes e Direito Eletrônico da Academia de Polícia de São Paulo, José Mariano de Araújo Filho. Ele disponibilizou um email para que as pessoas mandem pistas para elucidar quem é o autor legal do Jornalivre. O email é 4dp.dig.deic@policiacivil.sp.gov.br . O jornalista ainda faz um pedido para os internautas: Enviem emails para o endereço acima dando dicas e informações para ajudar a resolver este enigma de quem é o autor do Jornalivre".

Ainda segundo Dimenstein, " O Jornalivre saiu numa lista de sites falsos. O site não é registrado no Brasil. Não tem expediente. Nem contato. Fui mais longe e colhi fortes indícios de que a fonte original é um publicitário de uma grande agência. Descobri comunicação, via redes sociais, entre esse publicitário e dirigentes do MBL (Movimento Brasil Livre). Quando tiver as provas materiais, darei o nome. Vocês vão ficar surpresos em saber que alguém assim ocupa um cargo tão importante numa agência tão importante".

Pós Verdade - Não podemos confundir quem faz notícias falsas, com sites que produzem conteúdo fake o único intuito de fazer humor, que é o caso de sites como o Diário Pernambucano e o Sensacionalista. Esses sites afirmam veemente que produzem material falso com o intuito de fazer rir.

Um grupo realizou um levantamento com base em um estudo da Universidade de São Paulo (USP) para identificar os maiores sites de notícias do Brasil que disseminam informações falsas, não-checadas ou boatos pela internet.

O estudo, realizado pela Associação dos Especialistas em Políticas Públicas, utilizou os critérios do "Monitor do Debate Político no Meio Digital", criado por pesquisadores da USP, e que é uma ferramenta que contabiliza compartilhamentos de notícias no Facebook e dá uma dimensão do alcance de notícias publicadas por sites que se prestam ao serviço de construir conteúdo político "pós-verdadeiro" para o público brasileiro.

Não são sites de empresas da grande mídia comercial, tampouco veículos de mídia alternativa com corpo editorial transparente, jornalistas que se responsabilizam pela integridade das reportagens que assinam, ou articulistas que assinam artigos de opinião.

Tratam-se de sites cujas "notícias" não têm autoria, são anônimos e estão bombando nas bolhas sociais criadas pelo Facebook e proliferam boatos, calúnias e difamações.

Características - Todos os principais sites que se encaixam no conceito de "pós-verdade" no Brasil possuem algumas características em comum:

1. Foram registrados com domínio .com ou .org (sem o .br no final), o que dificulta a identificação de seus responsáveis com a mesma transparência que os domínios registados no Brasil.

2. Não possuem qualquer página identificando seus administradores, corpo editorial ou jornalistas. Quando existe, a página 'Quem Somos' não diz nada que permita identificar as pessoas responsáveis pelo site e seu conteúdo.

3. As "notícias" não são assinadas.

4. As "notícias" são cheias de opiniões — cujos autores também não são identificados — e discursos de ódio (haters).

5. Intensiva publicação de novas "notícias" a cada poucos minutos ou horas.

6. Possuem nomes parecidos com os de outros sites jornalísticos ou blogs autorais já bastante difundidos.

7. Seus layouts deliberadamente poluídos e confusos fazem-lhes parecer grandes sites de notícias, o que lhes confere credibilidade para usuários mais leigos.

8. São repletas de propagandas (ads do Google), o que significa que a cada nova visualização o dono do site recebe alguns centavos (estamos falando de páginas cujos conteúdos são compartilhados dezenas de milhares de vezes por dia no Facebook!).

Produtores - Os produtores de "pós-verdades" mais compartilhados nas timelines dos brasileiros são os seguintes:

* Ceticismo Político: http://www.ceticismopolitico.com/
* Correio do Poder: http://www.correiodopoder.com/
* Crítica Política: http://www.criticapolitica.org/
* Diário do Brasil: http://www.diariodobrasil.org/
* Folha do Povo: http://www.folhadopovo.com/
* Folha Política: http://www.folhapolitica.org/ 
* Gazeta Social: http://www.gazetasocial.com/
* Implicante: http://www.implicante.org/
* JornaLivre: https://jornalivre.com/
* Pensa Brasil: https://pensabrasil.com/

Uma pesquisa mais profunda poderá confirmar a hipótese de que algumas destas páginas foram criadas pelas mesmas pessoas, seja por repercutirem "notícias" umas das outras, seja por utilizarem exatamente o mesmo template e formato.

Distribuição - Todos esses sites possuem páginas próprias no Facebook mas, de longe, os sites com mais "notícias" compartilhadas são o JornaLivre e Ceticismo Político, que contam com a página MBL – Movimento Brasil Livre como seu provável principal canal de distribuição, e o site Folha Política, que conta com a página Folha Política para distribuir suas próprias "notícias". Ambas as páginas possuem mais de um milhão de curtidas e de repercussões (compartilhamentos, curtidas, etc.) por semana realizadas por usuários do Facebook.

O jornal eletrônico Nexo fez uma reportagem explicando o conceito de pós-verdade (https://goo.gl/iYgOSp). Seguem alguns destaques: "Anualmente a Oxford Dictionaries, departamento da University of Oxford responsável pela elaboração de dicionários, elege uma palavra para a língua inglesa. A de 2016 foi "pós-verdade" ("post-truth").

Para diversos veículos de imprensa, a proliferação de boatos no Facebook e a forma como o feed de notícias funciona foram decisivos para que informações falsas tivessem alcance e legitimidade. Este e outros motivos têm sido apontados para explicar ascensão da pós-verdade.

Plataformas como Facebook, Twitter e Whatsapp favorecem a replicação de boatos e mentiras. Grande parte dos factóides são compartilhados por conhecidos nos quais os usuários têm confiança, o que aumenta a aparência de legitimidade das histórias. 
Os algoritmos utilizados pelo Facebook fazem com que usuários tendam a receber informações que corroboram seu ponto de vista, formando bolhas que isolam as narrativas às quais aderem de questionamentos à esquerda ou à direita.

Biografia - Muitos não sabem do histórico do jornalista e escritor, que nasceu em São Paulo e é o criador do portal Catraca Livre e por quase 30 anos foi colunista da Folha de São Paulo, além de ter sido comentarista na Rádio CBN. Por suas reportagens sobre temas sociais e suas experiências em projetos educacionais, Gilberto Dimenstein foi apontado pela revista Época em 2007 como umas das 100 figuras mais influentes do País. Dimenstein escreveu os seguintes livros: 

A guerra dos meninos
A democracia em pedaços
O aprendiz do futuro
As armadilhas do poder - Bastidores da imprensa
As aventuras da reportagem
10 lições de Filosofia para um Brasil Cidadão
10 lições de Sociologia para um Brasil Cidadão

Com informações do jornalista Gilberto Dimenstein, Wikipedia e do Portal Brasil 247