quinta-feira, 9 de março de 2017

#DiaDaMulher - Maristela Just

Um dos casos com maior luta judicial foi o da estudante de sociologia Maristela Ferreira Just, que tinha 25 anos e vendia cosméticos para ajudar nas despesas com os dois filhos pequenos, Nathália, de 4 anos, e Zaldo, com dois anos. 

Ela estava separada do pai das crianças havia dois anos. O ex-marido,José Ramos Lopes Neto, comerciante de 27 anos, não se conformava com o fim do relacionamento e com a mudança de Maristela e as crianças para a casa dos pais dela, em Jaboatão dos Guararapes.

No dia 4 de abril de 1989, Ramos pediu para conversar com a família no quarto. O ambiente estava tranquilo. Maristela penteava a filha na cama quando, de repente, o marido abaixou, tirou o revólver que escondia na bota e disparou dois tiros na cabeça dela. Em seguida, atirou no ex-cunhado, Ulisses Ferreira Just, que tentava evitar a tragédia. Depois as crianças também foram alvejadas. Os filhos foram levados ao hospital em estado grave, sobreviveram e foram morar com parentes. 

O pai do comerciante, o desembargador Gil Teobaldo, Fez o que pôde para livrar Ramos da justiça e procrastinou a tal ponto que o crime dali a pouco seria prescrito. Em 2010, ele deu uma entrevista a uma rádio onde disse coisas tão absurdas, a ponto de revoltar - ainda mais - a opinião pública:

“José matou porque foi provocado por Maristela numa discussão. Ela disse: ‘Você nasceu para ser corno!’ Ele não teve dúvida, meteu bala! E te digo mais: não tivesse matado, não comeria na minha mesa!”, afirmou. 

Ramos foi condenado à revelia a 79 anos de prisão em 2010 e foi preso em 2012.

Ulysses Just, irmão de Maristela, morreu em 1999.

Natália hoje trabalha no Tribunal de Justiça de São Paulo e está casada.

Zaldo superou a gravidade, pois havia levado um tiro no lado esquerdo da cabeça, e mesmo com algumas limitações físicas, tem uma vida normal.