sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Em depoimento a Moro, Suplicy diz desconhecer ações ilegais de Palocci

O vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) prestou depoimento como testemunha de defesa de Antonio Palocci, nesta sexta-feira (17), em ação penal da Lava Jato na qual o ex-ministro responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Suplicy disse que convive com Palocci há mais de 30 anos e desconhece ações ilegais praticadas por ele.

“Nunca o Ministro Antonio Palocci chegou pra mim e falou: olha é preciso votar isso aqui porque vai atender tal grupo empresarial que tem ótima relação conosco e se aprovado ele vai poder dar contribuição ao nosso partido”, afirmou.

O processo apura se o ex-ministro recebeu propina para atuar em favor do Grupo Odebrecht, entre 2006 e o final de 2013, interferindo em decisões tomadas pelo governo federal. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Palocci também teria participado de conversas sobre a compra de um terreno para a sede do Instituto Lula, que foi feita pela Odebrecht, conforme as denúncias.

Outras 14 pessoas são rés na mesma ação - entre eles, Marcelo Odebrecht, ex-presidente do Grupo Odebrecht, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque.

A testemunha também afirmou que era natural que Palocci, no papel de ministro, tivesse um relacionamento com a classe empresarial. Suplicy afirmou ainda desconhecer qualquer ilegalidade na relação do ex-ministro com a Odebrecht e com a Braskem.

O vereador falou sobre sua relação com Branislav Kontic, ex-assessor de Antonio Palocci, e disse que não soube de qualquer irregularidade feita por ele.

A audiência foi realizada por videoconferência por São Paulo com a Justiça Federal em Curitiba, a partir das 9h30 desta sexta.

Presente e visita

Suplicy levou dois livros de sua autoria para presentear o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato em primeira instância: “Renda de cidadania: a saída é pela porta” e “Um notável aprendizado: a busca da verdade e da justiça do boxe ao Senado”. Moro agradeceu a gentileza e disse, inclusive, que já tem um dos livros, mas que aceita um novo exemplar.

No fim da audiência, Suplicy disse que estará em Curitiba no dia 24 de fevereiro para uma palestra e perguntou se poderia visitar o ex-ministro José Dirceu, preso no Complexo Médico-Penal, na Região Metropolitana, e Palocci, que está preso na Superintendência da Polícia Federal (PF) de Curitiba. Além disso, ele disse que poderia entregar os livros pessoalmente ao juiz.

Moro respondeu que as visitas aos presos são permitidas, desde que seguidas as regras de visitas da unidade prisional. O magistrado disse ainda que, infelizmente, não estará na cidade em 24 de fevereiro, mas que o gabinete dele estará aberto para o vereador.

Outras testemunhas

Outras duas testemunhas de defesa de Palocci também foram ouvidas na mesma audiência. O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo também foi arrolado e seu depoimento estava agendado para esta sexta-feira. No entanto, o ex-ministro não foi localizado pelo oficial de Justiça e, por isso, não foi intimado.

Portal G1