terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Follmann recebe alta em Chapecó: "Praticamente curado de tudo"


Chega de hospital. A Chapecoense virou uma página importante na história do trágico acidente que vitimou sua delegação em 29 de novembro, na Colômbia. Último sobrevivente internado, Jakson Follmann teve alta nesta terça-feira, em Chapecó, e deu exemplo de perseverança, obstinação e simpatia. Com direito a cantoria, o goleiro encerrou a parte mais crítica de sua recuperação e já projeta o passo seguinte: ir para São Paulo colocar próteses.
- Enfim, chegou o grande dia. Mais uma etapa concluída, graças a Deus. Estou muito feliz. Saio até com o coração um pouco apertado, porque fiz grandes amigos aqui, que vou levar para a vida toda. Sei do cuidado que todo mundo teve comigo, então me deixou muito feliz e motivado para o momento em que eu saísse daqui. Então, saio feliz, saio forte. Saio praticamente curado de tudo. Agora, vamos para mais uma etapa. Vamos para São Paulo - disse Follmann.
Follmann seguirá para a capital paulista na próxima segunda-feira, onde fará a reabilitação no conceituado Centro Marian Weiss, especializado em amputados. Lá, o goleiro será reavaliado para confecção da prótese e depois reaprenderá a andar. Antes, porém, ele irá ao Rio de Janeiro na quarta-feira para ser homenageado antes do "Jogo da Amizade" entre Brasil e Colômbia, no estádio Nilton Santos.   
No último sábado, o goleiro teve sua primeira aparição pública, sendo ovacionado no gramado da Arena Condá antes do amistoso com o Palmeiras. Coube a ele a honra de erguer o troféu de campeão da Copa Sul-Americana. No total, Follmann ficou 37 dias internado no hospital em Chapecó - nesta terça, o acidente completa 56 dias. O jovem de 24 teve parte da perna direita amputada abaixo do joelho e tem limitações nos movimentos do tornozelo esquerdo.
Dos quatro brasileiros sobreviventes do acidente, o primeiro a deixar o hospital foi Alan Ruschel, em 16 de dezembro. O jornalista Rafael Henzel teve alta três dias depois, mesmo período que Neto teve que esperar para poder ir para casa no dia 22 de dezembro.
Indenizações - Um dos seis sobreviventes aéreos com o acidente com o avião da Chapecoense, o jornalista Rafael Henzel acredita que o processo de indenização das vítimas será delicado e aposta em uma ação coletiva para garantir os direitos das vítimas. Convidado do "Redação SporTV" desta terça-feira, o narrador afirmou que em nenhum momento foi procurado por alguma seguradora ou representantes da companhia aérea LaMia, apontada como responsável pela tragédia, juntamente com o piloto, e destacou o papel do clube para exigir os pagamentos.  
- A Chapecoense se mostrou ponto de partida da busca de uma indenização. Estou há 54 dias do acidente. Tirando Chapecó, meus amigos médicos, a própria Chapecoense, ninguém me ligou para saber se estou precisando de alguma coisa, absolutamente ninguém (...) Hoje, a Chapecoense tem essa responsabilidade de levar em conjunto essa ação, juntamente com as famílias. E a Chapecoense é um time família, tenho certeza que ela vai buscar os direitos de todos nós. Estou vivo, esse é o maior direito que Deus me deu, porém, sabemos, nossos colegas jornalistas e radialistas que se foram - afirmou.
 Segundo Henzel, o clube fez uma reunião com familiares de funcionários e esposas de jogadores na semana passada para tratar do assunto. A ideia também é deixar claro de que maneira as doações vão ser repassadas - o jogo entre Brasil x Colômbia, por exemplo, terá a renda revertida aos familiares das vítimas, e explicar as diferentes ações previstas - Além das indenizações por parte dos responsáveis, também tem o pagamento dos seguros de vida por parte do clube.   
- Estamos falando de coisas distintas, o sentimento da perda, mas a necessidade dos direitos para seguir a vida. Tenho certeza que a Chapecoense vai ter a habilidade, dentro de todas essa circunstância, de fazer com que todos recebam seus direitos. É muito delicada a questão, a relação, mexe com o coração, a tristeza das pessoas. A Chapecoense reuniu todo mundo, e ai deu um avanço. Imagino que só uma ação coletiva é que possa garantir alguma coisa - considerou. 
Henzel informou que em fevereiro haverá uma reunião para tratar dos processos envolvendo o governo boliviano e a seguradora da empresa LaMia. O acidente aconteceu dia 29 de novembro, quando a delegação da Chapecoense viajava para a Colômbia para a disputa da final da Copa Sul-Americana. Morreram 71 pessoas, entre elas 19 jogadores, comissão técnica, dirigentes, jornalistas e convidados. 
Perdão - Único sobrevivente da tragédia com o avião da Chapecoense ainda internado, o goleiro Jackson Follmann disse perdoar o piloto Miguel Quiroga, da empresa aérea Lamia, que comandava o voo que matou 71 pessoas em 29 de novembro de 2016. Em entrevista ao “SporTV”, Follmann disse não ter raiva do boliviano. Um dos sócios da empresa aérea, Quiroga é apontado como um dos possíveis responsáveis pelo acidente por ter previsto uma quantidade menor de combustível que o necessário para o trajeto.  
- Não era um cara maldoso, era um cara que tinha um coração bom também. Foi um erro humano que não cabe a nós julgar. Não (sinto raiva). Não posso sentir raiva, não devo sentir raiva e nem quero sentir raiva. Nem tenho como sentir raiva, não cabe a mim julgar. Procurei rezar, orar. Estava o Alan (Ruschel) do meu lado também. Procurou rezar, o Neto também, que estava na minha frente. Todo mundo que estava no voo, que estava perto de mim, que escutei, estava orando em voz alta. A gente sabia que alguma coisa estava errada - revelou. 
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