segunda-feira, 25 de julho de 2016

Hepatite viral mata mais que Aids

As hepatites virais estão entre as principais causas de morte, comprometimento, sequelas na saúde e diminuição de anos de vida útil das pessoas. A constatação é de um estudo publicado recentemente pela revista médica “The Lancet”, uma das mais conceituadas do mundo. As hepatites matam, hoje, mais pessoas do que a tuberculose, malária e até o HIV, individualmente.
Os pesquisadores apontam que, entre os anos de 1990 e 2013, houve um aumento de aproximadamente 63% no número de óbitos por hepatites virais no mundo. Em números absolutos isso significa, por exemplo, que no ano de 2013 as hepatites virais foram responsáveis por 1,45 milhão de mortes no mundo. Com a aproximação do Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, em 28 de julho, todas as autoridades e unidades de saúde se voltam para o problema.
A hepatite viral é uma infecção que acomete o fígado. Pode ser causada por 5 tipos de vírus, nomeados pelas letras A, B, C, D e E, cada um com características diferentes e formas de contágio e evolução específicas. A mais conhecida de todas é a Hepatite A (HAV), cujo vírus é transmitido por água ou alimentos contaminados com as fezes de um portador humano. Por isso está relacionada às más condições de higiene e/ou saneamento básico. Não há tratamento específico, mas a evolução em geral é boa e a recuperação é completa.
As mais graves são a Hepatite B e C (HCB e HCV), cujos vírus podem  ser transmitidos por relações sexuais desprotegidas ou  por procedimentos que envolvem sangue, sem os devidos e fundamentais cuidados de esterilização. O problema da hepatite C é que ela pode ser totalmente assintomática nas fases iniciais. Muitos ficam sabendo que a possuem por exames laboratoriais. Apenas 20% dos acometidos se curam. Os 80% restantes em geral evoluem para quadros crônicos. Desses, uma parcela pode evoluir para cirrose ou para o carcinoma de fígado.
A Organização Mundial da Saúde estima que existam cerca de 325 milhões de portadores crônicos da Hepatite B e 170 milhões da Hepatite C no mundo, com cerca de dois a três milhões, respectivamente, em nosso país. infectologista Cátia Arcuri, coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Miguel Arraes, alerta: “a maioria das pessoas desconhece sua condição sorológica, agravando ainda mais a cadeia de transmissão da infecção. Ampliar a testagem sorológica para as hepatites virais é estratégia fundamental para equacionar essa situação, além de propiciar a detecção precoce de portadores, permitindo o acesso às medidas para a manutenção da saúde dos possíveis casos, além de campanhas informativas de prevenção quanto à transmissão das mesmas".

Nesta quinta-feira (28), a CCIH, juntamente com o Núcleo de Epidemiologia e Medicina do Trabalho do Hospital Miguel Arraes, estarão realizando triagem entre 50 acompanhantes da emergência para realização do teste rápido para Hepatites B e C. O resultado sairá em 30 minutos e os casos positivos serão encaminhados para o Instituto do Fígado, no Recife.

Com informações da jornalista Iana Gouveia