quarta-feira, 29 de abril de 2015

Nigéria resgata sequestradas pelo Boko Haram

O Exército da Nigéria anunciou hoje (28) a libertação de 293 mulheres e meninas sequestradas pelo grupo terrorista Boko Haram no bosque de Sambisa, considerado base do grupo jihadista. 

"Não podemos confirmar se as meninas de Chibok [219 menores sequestradas há mais de um ano pelo grupo] estejam entre as libertadas, informaram as autoridades nigerianas em sua conta oficial no Twitter
O porta-voz do Exército, Chris Olukolade, assegurou que as vítimas estão sendo submetidas a um processo de identificação, que determinará se elas são as meninas de uma escola de Chibok, raptadas em 14 de abril de 2014.

Desde o lançamento, em 14 de fevereiro, de uma ofensiva conjunta com as tropas de Camarões, do Chade e Níger, o Exército nigeriano registrou o que é classificado de "notável êxito" no combate ao Boko Haram, como a libertação de 60 cidades tomadas pelo grupo islâmico em três estados do Norte do país.

Fontes militares informaram que a invasão do bosque de Sambisa poderá ser o ápice da ofensiva conjunta. O grupo extremista nigeriano, que ameaça o governo e controla amplas áreas do Norte (de maioria muçulmana), acaba de jurar fidelidade ao grupo terrorista Estado Islâmico, que proclamou um "califado" em zonas do Iraque e da Síria.

Em outras ocasiões, o Exército deixou anúncios referentes às menores de Chibok, como um cessar-fogo público feito em outubro de 2014, em troca da libertação imediata das meninas.

2 mil em Cativeiro - O grupo terrorista nigeriano Boko Haram sequestrou pelo menos 2 mil mulheres e meninas no Nordeste da Nigéria desde o início do ano passado. A informação consta de relatório divulgado  pela Anistia Internacional, um ano após o rapto de 276 alunas da Escola Chibok, que gerou grande repercussão em todo o mundo.

O documento tem como base depoimentos de aproximadamente 200 testemunhas, incluindo 28 mulheres e meninas sequestradas que conseguiram fugir do cativeiro. Além dos sequestros, o relatório denuncia vários crimes de guerra e contra a humanidade praticados pelo grupo radical islâmico, como a morte de mais de 5,5 mil civis em confrontos no Nordeste da Nigéria no período.

Os depoimentos indicam que o Boko Haram usa métodos brutais para espalhar o terror entre a população do Nordeste da Nigéria. Enquanto homens e meninos são recrutados para as fileiras de militantes ou executados sumariamente, as mulheres jovens e meninas são sequestradas e presas e, em alguns casos, há relatos de estupros e casamentos forçados. Elas também são obrigadas a participar de ataques armados, algumas vezes contra suas próprias aldeias.

“As evidências apresentadas nesse relatório chocante, um ano após o sequestro das meninas em Chibok, destacam a escala e depravação dos métodos do Boko Haram”, disse o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty.

Além dos depoimentos, o relatório divulgado hoje apresenta fotos, incluindo imagens de satélite mostrando a devastação causada pelo Boko Haram nas áreas invadidas pelo grupo.

“Homens e mulheres, meninos e meninas, cristãos e muçulmanos foram mortos, raptados e brutalizados pelo grupo durante um período de terror que afeta milhões. Operações militares bem-sucedidas recentemente podem significar o começo do fim para o Boko Haram, mas ainda há muito a ser feito para proteger os civis, resolver a crise humanitária e começar o processo de ‘cicatrização’ para todas estas atrocidades”, afirmou Shetty.

Um ano depois do sequestro das 279 alunas, ainda não se sabe o paradeiro de 219. Hoje, ativistas de 15 países, incluindo o Brasil, voltaram a se unir em ação com a organização de combate à pobreza ActionAid. Eles pedem a libertação das meninas nigerianas, com fotos de várias pessoas formando as letras que formam a frase Bring Back Our Girls (Tragam de volta nossas meninas), slogan reproduzido por várias personalidades em todo o mundo. Os objetivos são evitar que o caso seja esquecido e obrigar o governo nigeriano a se esforçar mais na caça aos sequestradores.

Em Abuja, capital da Nigéria, algumas organizações se uniram em uma caminhada até a sede do Executivo local. Segundo o coordenador de Programas da ActionAid na Nigéria, Ifeoma Charles-Monwuba, a campanha do presidente recém-eleito do país, Muhammadu Buhari, foi focada na melhoria da segurança do país, embora não se possa "ficar esperando que isso ocorra".

“É fundamental que os nigerianos e as pessoas ao redor do mundo continuem a levantar suas vozes com demandas para o governo atual e o que virá", acrescentou Charles-Monwuba. A organização tem um email (mailinfo.nigeria@actionaid.org) para receber mensagens de todos os que queiram enviar textos de apoio às meninas raptadas.

As mensagens são colocadas na página da ActionAid na internet e apresentadas ao governo nigeriano.

Agência Brasil