De acordo com a artesã Marcela Almeida, 28 anos, a decisão do governo municipal pegou a todos de surpresa, já que não houve a divulgação prévia entre os trabalhadores. "Só ficamos sabendo porque chegou um ofício para a dona da empresa que monta a feira, dizendo que ela seria relocada, e não há espaço para todo mundo. Ninguém da Prefeitura foi conversar com a gente, então estamos sem saber o que realmente vai acontecer. Mas certamente isso vai prejudicar a maior parte dos artesãos, pois temos clientes fiéis, que já sabem onde ficam nossas barracas e vão direto lá", reclamou.
Marcela Almeida produz bolsas com disco de vinil e expõe há cinco anos na feira. "Eu, por exemplo, faço contato com os clientes na semana inteira, mas eles vão comprar no domingo, na Feirinha do Bom Jesus", disse. A redução do espaço também preocupa a artesã Paula Valéria, 32 anos, que tem como renda principal os cintos que produz e vende no local, há três anos. "Ainda não sabemos para onde vamos, mas acho que qualquer mudança vai nos prejudicar. A feirinha acontece ali há 16 anos, somos 200 artesãos, vivemos do artesanato. A Prefeitura deveria se aliar a nós, ver que somos artesãos e estamos ali para divulgar nosso trabalho. Deveriam fazer algo para melhorar a feira e não retirá-la", lamentou.
Em nota, a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) informou que a readequação é necessária "diante das transformações vividas pelo bairro, que agora recebe sistematicamente grandiosos projetos públicos, como o Recife Antigo de Coração e a Ciclofaixa de Turismo e Lazer, além de sediar importantes equipamentos culturais, como o Paço do Frevo e o Cais do Sertão". A nota ainda diz que a reestruturação da feira vem sendo discutida com a organizadora e administradora da feira, Tereza Lucena, e órgãos que formam o grupo gestor do Bairro do Recife - CTTU, Emlurb, Guarda Municipal, secretarias de Turismo e Lazer, Desenvolvimento Econômico, Mobilidade e Controle Urbano.
A Semoc explicou que a escolha das barracas que permanecerão na Rua do Bom Jesus é de responsabilidade da administração da feira, já que os artesãos não são cadastrados pela Prefeitura. Também em nota, o órgão informou que houve, na tarde desta quarta-feira (4), uma reunião com alguns artesãos e ficou acertado que a medida será novamente analisada, em encontro a ser realizado nesta quinta-feira (4), com o grupo gestor do Bairro do Recife.
Portal G1
