sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Remédio promete diminuir consumo de álcool

Um remédio que ajuda a reduzir o consumo de álcool deve ser incluído no sistema de saúde público do Reino Unido para o tratamento de alcoólatras.
Voltado para pessoas que bebem mais de 7,5 doses de álcool por dia, o nalmefene, já oferecido na Escócia, é uma tentativa do governo britânico diminuir o consumo de bebidas alcoólicas no país.
Segundo estatísticas do sistema de saúde do Reino Unido, 8.367 pessoas morreram em decorrência de complicações relacionadas ao consumo excessivo de álcool em 2012, último ano em que o estudo foi realizado. 
Vendido com o nome de Selincro em vinte países da Europa desde 2013, o nalmefene bloqueia a sensação de prazer trazida pela bebida, diminuindo no paciente a necessidade de ingerir álcool. 
De acordo com testes feitos pelo laboratório fabricante em pacientes-teste, o nalmefene reduziu em 60% a vontade de beber, quando comparado com apoio psicológico e placebo. 
A Lundbeck, empresa que fabrica o Selincro, afirma que além do uso da droga, o paciente necessita de acompanhamento emocional durante o tratamento.
O nalmefeme também não previne os efeitos intoxicantes do álcool ou as consequências do consumo excessivo, como suor, dor de cabeça e enjoo.
Segundo a fabricante, não há previsão do Selincro chegar ao Brasil.
Controvérsia - Mas o anúncio de que o governo britânico planeja implantar o nalmefene no sistema público de saúde gerou polêmica no Reino Unido. 
De acordo com os médicos contrários ao uso da droga, existem alternativas mais eficientes e baratas para resolver o problema do consumo excessivo de álcool, como aumentar a tributação ou reduzir o espaço publicitário de bebidas.
"Ele pode criar a ideia de que medicar um grande número de pessoas é melhor do que outras medidas existentes para reduzir o consumo de álcool", disse à BBC Niahm Fitzgerald, especialista em estudos do álcool na Universidade de Stirling, na Inglaterra.
Além disso, a efetividade do remédio também foi contestada. "Todos os testes foram feitos em pessoas que queriam reduzir a quantidade de álcool que consumiam", afirmou Matt Field, professor da Universidade de Liverpool.
"Ele simplesmente não foi testado em pessoas que não estão interessadas em reduzir seu consumo de álcool e a maioria dos médicos acredita que nenhum tratamento pode funcionar a não ser que as pessoas estejam motivadas a mudar", disse.
Outros médicos também afirmam que a meta do tratamento de pessoas alcoólatras é a abstinência e não apenas a redução no consumo da bebida.














Com informações da Folha de São Paulo e da revista Info Abril