quinta-feira, 6 de junho de 2013

Suspeita de matar a mãe no Rio recebeu dinheiro de colegas da vítima para ajudar na busca

Funcionários da cooperativa de táxi onde trabalhava Adriana Rocha de Moura Machado, 43, morta no dia 25 de maio no Rio de Janeiro, ficaram sensibilizados com o desaparecimento da colega e fizeram uma "vaquinha" para dar dinheiro à filha da vítima, na esperança de ajudarem nas buscas. Investigações da 32ª DP (Taquara) apontam, no entanto, que a adolescente e o namorado, Daniel Duarte Peixoto, 20, mataram Adriana e queimaram seu corpo.
A jovem esteve na cooperativa de táxi em que a mulher trabalhava três dias após seu desaparecimento, em companhia do namorado. "Ela chegou aqui dizendo que ia fazer buscas no IML [Instituto Médico Legal]. Todo mundo deu o que tinha no bolso para ela. Estávamos juntando mais, uns R$ 250, mas agora vamos comprar uma coroa de flores para o enterro com esse dinheiro", disse Tuane Lobo, funcionária da empresa.
A atendente trabalhou com Adriana e estava na empresa no dia em que a jovem esteve lá. "Ela estava fria, apesar de ter chorado. O rapaz parecia desesperado, nervoso", disse Tuane.
Segundo ela, todos os funcionários da empresa estão chocados, porque Adriana era querida pelos colegas. "Estamos todo abalados, sentindo muito. Ela era uma pessoa maravilhosa, fazia tudo para a filha", disse a atendente.
No dia seguinte à morte de Adriana, funcionários da cooperativa chegaram a ligar para a casa da vítima para saber o motivo de sua ausência. A adolescente atendeu ao telefonema e disse que a mãe havia saído para o trabalho. "Ela era responsável, nunca faltava, ficamos desconfiados da ausência dela", disse a atendente.
Um taxista da cooperativa que não quis ser identificado disse ter ficado revoltado quando soube do crime. "Ela deve ter torrado o dinheiro que demos para ela em um shopping. Todos os colegas estão atordoados com isso", afirmou. A cooperativa não quis se manifestar oficialmente sobre o caso.

Crime

Segundo a polícia, Adriana foi morta quando dormia ao lado da filha. De acordo com o delegado, ela deu um golpe conhecido como "mata leão", mas não morreu na hora. Com isso, Peixoto teria entrado no quarto e colocado um saco na cabeça. Para se livrar do corpo, o casal teria levado a vítima para um terreno em Duque de Caxias e ateado fogo ao corpo.
"No dia seguinte, ela procurou a polícia para acusar a vizinha pelo desaparecimento. Mas os depoimentos começaram a ser diferentes, eles começaram a entrar em contradição. No quarto depoimento, somente, ela confessou", disse Antonio Ricardo Nunes, titular da 32ª DP. O delegado acrescentou ainda que a movimentação telefônica dos acusados contradisse os depoimentos.
O corpo de Adriana foi reconhecido pela arcada dentária --o cadáver foi encontrado quatro dias após a morte.
Nunes disse que a adolescente aparentava frieza ao ser presa. Ela confessou o crime no quarto depoimento. "Ela demonstrou frieza e nenhum arrependimento. Ela planejou, depois negou. No dia seguinte ao crime, ela foi ao shopping".
Diferentemente da postura da adolescente, o jovem suspeito demonstrou arrependimento, segundo o delegado. "Ele se emocionou, viu que a coisa ficou grave, demonstrou arrependimento", afirmou Nunes.
Na delegacia, Peixoto negou ter participado da morte. Ele disse que só transportou o corpo. Ele vai responder por homicídio triplamente qualificado com ocultação de cadáver. A jovem vai responder por ato análogo ao crime de homicídio.
Portal UOL