terça-feira, 28 de maio de 2013

Pesquisadora pernambucana revela na comissão da verdade que serviu de "cobaia" em aulas de tortura

A historiadora Dulce Pandolfi, presa e torturada na década de 1970, durante a ditadura militar, afirmou em depoimento à Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (28), que foi "cobaia" em aulas de tortura para agentes do Estado. "Dois meses depois da minha prisão e já dividindo a cela com outras presas, servi de cobaia para uma aula de tortura. O professor, diante de seus alunos, fazia demonstrações com o meu corpo. Era uma espécie de aula prática com algumas dicas teóricas", disse, ao contar que um médico chegou a examiná-la depois que ela começou a passar mal para garantir que ela resistiria até o fim da aula.

Dulce, que fazia parte do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Universidade Federal de Pernambuco quando foi presa, contou que levava choques elétricos pendurada em um pau de arara, enquanto o professor dizia que aquela era a técnica mais eficaz. Ela foi levada para o quartel do Exército da rua Barão de Mesquita, na Tijuca, zona norte do Rio, onde funcionava o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna). Depois, foi transferida para o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), na rua da Relação, no centro. Ela ficou um ano e quatro meses presa.
Para a historiadora, o principal papel da comissão é garantir que a existência da tortura por parte do Estado não seja esquecida. "É muito duro lembrar toda essa situação, mas é fundamental para que possamos construir um país mais justo e humano", disse.
Hoje ela é pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas.
Com informações do Portal UOL