terça-feira, 12 de junho de 2012

Leila pra sempre Diniz: 40 anos depois

Há 40 anos, morria num desastre aéreo na Índia, a atriz Leila Roque Diniz, de 27 anos. Ela estava na Austrália onde recebera um prêmio pela atuação no filme "Mãos Vazias". No entanto, o mito continua vivo e escandaliza até hoje, em tempos de "créu". Leila nasceu no Rio de Janeiro em 1945 e saiu de casa aos 14 anos para morar com uma amiga e ainda na adolescência, começou a trabalhar como professora primária.


Aos 17 anos, conheceu seu primeiro grande amor, o dramaturgo e cineasta Domingos de Oliveira (pai da Maria Mariana, autora de "Confissões de Adolescente") e através dele, descobriu que queria ser atriz. Atuou no Teatro, no Cinema e em novelas da Rede Globo. Mas seu estilo de vida e suas confissões sem qualquer pudor escandalizaram na época. Convém lembrar que era época de ditadura.


Depois de uma controversa entrevista no jornal "O Pasquim" em que ela falou mais palavrões do que tudo, foi instituída a Censura Prévia no Brasil, não por acaso apelidado de "Decreto Leila Diniz". Ela certa vez precisou se esconder na casa do apresentador Flávio Cavalcanti (morto em 1987) para fugir da repressão e como estava sem trabalho (fora da já poderosa Globo e queimada no meio artístico), foi trabalhar como jurada de Cavalcanti. Paralelamente, começou uma carreira de vedete do Teatro de Revista e recebeu de Virgínia Lane o título de "Rainha das Vedetes".


O maior sonho da sua vida era ser mãe e ela conseguiu realizá-lo em 1971, ao engravidar do também cineasta, o moçambicano Ruy Guerra. Ela celebrou a maternidade indo à praia de biquíni, mostrando o imenso barrigão de sete meses. Novo escândalo, pois gravidez era coisa pra ser escondida em casa, nos pré-natais e nas batas que escondiam tudo. No cinema, estava consagrada através do filme "Todas as Mulheres do Mundo" e na mesma proporção que arrumava críticos, arrumava fãs.


A pequena Janaína, celebração do maior sonho de Leila, tinha apenas sete meses quando a mãe partira no desastre aéreo no outro lado do mundo. Janaína foi criada por Marieta Severo e Chico Buarque, até que o Ruy Guerra tivesse condições de criá-la. O poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) resumiu bem o mito: "Leila para sempre Diniz".


Por isso que a cantora Rita Lee afirma que "toda mulher é meio Leila Diniz". E é mesmo.