quinta-feira, 7 de junho de 2012

Estudos genéticos podem combater o Mal de Alzheimer: a origem pode estar na família

A foto ao lado retrata uma ocasião que parecia ser uma reunião de família, em agosto em 1959. Três gerações de uma família de Oklahoma se reuniram em um estúdio fotográfico. Eram 14 irmãos, com idades entre 29 e 52 anos. Depois, todos foram a um parque próximo para um piquenique. 


Acompanhando o grupo estavam dois primos, Doug Whitney, que tinha 10 anos, e Gary Reiswig, que tinha 19 anos. A mãe de Doug e pai de Gary eram irmãos. O pequeno Gary nunca se esquecera da imagem vista no piquenique: seu pai e alguns de seus tios começaram a ter olhares fixos no infinito e pareciam confusos. A lembrança do avô, falecido anos antes, foi imediata: os sintomas eram idênticos ao que estava ocorrendo com os filhos.


Em 1936, o avô de Gary e Doug (então com 53 anos) dirigia com a esposa quando, sem mais nem menos, levou o carro distraídamente para uma linha ferroviária.O acidente com um trem foi inevitável e  embora o avô tivesse sobrevivido, o mesmo não acontecera à esposa. Ao longo dos anos seguintes, cada vez mais confuso, perdera a capacidade de falar, andar e até fazer a higiene pessoal e assim faleceu em 1946.


No piquenique de 1959, os sintomas começavam a atingir, ao mesmo tempo, vários dos filhos. Então, os irmãos se separaram e após terem sido diagnosticados com o Mal de Alzheimer, os parentes decidiram manter toda a história em segredo. Enquanto Gary sofria com a degeneração física de seu pai, seu primo Doug viu, em 1971, no Feriado de Ação de Graças, sua mãe ter os primeiros sintomas e morrer em 76. Ao todo, 10 dos 14 irmãos desenvolveram a doença.


Mais de cinco décadas depois do piquenique, a família decidiu reencontrar-se e conviver com a possibilidade de ver um parente atingido pelo Alzheimer. Eles então se uniram e se tornaram parte de um estudo, conhecido como DIAN (do inglês "Dominantly Inherited Alzheimer Network", que significa "Rede de Diagnósticos de Alzheimer por Herança"). Cerca de 260 pessoas em países como EUA, Inglaterra e Austrália, também fazem parte das pesquisas. Desde 2008, os pesquisadores vêm monitorando os cérebros de pessoas que possuem mutações em qualquer um dos três genes que causam a doença de Alzheimer para ver como se desenvolve a doença antes dos sintomas aparecerem. 


Ao início do próximo ano, os pesquisadores DIAN pretende iniciar uma nova fase. Voluntários receberáo uma das três drogas experimentais que os pesquisadores esperam que retardar ou parar a doença. Um estudo semelhante está sendo feito na Colômbia, através de testes de um medicamento em uma família extensa que transporta uma mutação genética que provoca a doença de Alzheimer.


Embora quase todos os casos a doença de Alzheimer não sejam de origem genética conhecida, os investigadores determinaram que o melhor local para encontrar um tratamento ou a cura da doença é estudar aqueles que possuem o gene determinante. A metodologia já encontrou tratamento, prevenção e cura de outros males.


Origem - Em 1901, um psiquiatra alemão, Alois Alzheimer, observando pela primeira vez a doença, descrevera o caso de uma mulher de 51 anos chamada Auguste Deter. "Ela sentou-se na cama com uma expressão de desamparo", escreveu Alzheimer. "Qual é seu nome? Auguste. E o do seu marido? Marido? Que marido? Ela não entendera a minha pergunta ".


The New York Times