quarta-feira, 6 de junho de 2012

Agora é oficial: Humberto Costa é o candidato petista à Prefeitura do Recife

O Diretório Nacional do PT, nunca antes na história deste País (nem do partido, diga-se de passagem), alijou um prefeito em exercício da candidatura à reeleição ao anunciar o nome do senador Humberto Costa para disputar o Palácio Antônio Farias (sede da PCR). 


Militantes locais e mesmo nomes de peso no partido como o do Deputado Federal Fernando Ferro, a Deputada Estadual Teresa Leitão e o presidente do PT no Recife, Oscar Barreto. João da Costa pode recorrer da decisão, mas se arrisca a ser expulso do partido. Quando questionado se apoiaria Humberto, o prefeito alfinetou. "Se eles me acham ruim, um apoio meu seria até prejuízo para eles".


Candidaturas - Não é a primeira eleição para a Prefeitura do Recife que o psiquiatra e jornalista Humberto Sérgio Costa Lima  vai disputar. A primeira vez em que seu nome foi conhecido do público foi nas eleições de 1988, vencidas por Joaquim Francisco (hoje seu suplente no Senado Federal). Humberto também se candidatou nas eleições de 1992 e em 2000, foi o vereador mais votado no Recife enquanto o PT conquistara a prefeitura com João Paulo (hoje deputado federal).


Atualidades - No Senado, Humberto Costa assumiu o mandato em fevereiro de 2011, já à frente da liderança do partido no Senado – a sua indicação para o posto foi aprovada por consenso pela bancada. Atualmente tem um papel de destaque na CPI do Cachoeira, sendo o relator do caso Demóstenes no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado.


Leia matéria dos jornalistas Felipe Amorim e Gil Alessi, do Portal Uol:



PT precisa justificar intervenção em Recife para evitar rejeição nas urnas

A intervenção da Executiva Nacional do PT na escolha do candidato à prefeito em Recife poderá ter consequências nas urnas, segundo afirma o cientista político Valeriano Costa, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Se (a intervenção) for considerada um esbulho, isso pode ter um impacto negativo. O que mais importa agora é aguardar a reação do eleitorado petista e de Recife”, diz Costa.

Para o pesquisador, se a intervenção for  interpretada como indevida pelo eleitorado, o senador Humberto Costa pode ser rejeitado nas urnas por ser o candidato imposto pela direção do partido. “Mas isso as pesquisas eleitorais vão dizer, não dá para saber ainda”, pondera o pesquisador.

Nesta terça-feira (05), a Executiva Nacional do PT, durante reunião em São Paulo,indicou o nome do senador Humberto Costa (PT) como o candidato do partido à prefeitura de Recife, preterindo a candidatura à reeleição do atual prefeito João da Costa, que havia vencido as prévias internas do partido. A legalidade da votação nas prévias foi contestada pela oposição a João da Costa no PT.
Uma eventual rejeição ao nome de Humberto Costa, segundo o professor da Unicamp, está diretamente ligada ao nível de apoio que o prefeito João da Costa possui na militância. Fundamental ao partido, segundo Valeriano, é o PT apresentar uma boa justificativa para ter rejeitado à candidatura de João da Costa. “É preciso se criar um mínimo de legitimidade para essa intervenção”, diz o pesquisador da Unicamp.

“Tradicionalmente todos os prefeitos buscam um segundo mandato, a taxa de reeleição no Brasil gira em torno de 50%, e o Nordeste segue essa lógica. Tendo isso em vista, foi muito estranho o partido anular as prévias ganhas pelo João da Costa semanas atrás”, afirma Ranulfo Paranhos, cientista político da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).


“Esse modelo de prévias que o PT adota é uma evolução democrática, já que aumenta a participação popular no processo eleitoral. Quando é anulado porque o resultado não foi o esperado, sem que se apontem irregularidades, é um retrocesso", diz Paranhos.

O racha no partido em Recife não será resolvido facilmente e pode ter consequências no longo prazo, segundo afirma o cientista político Valeriano Costa, da Unicamp. Ele compara o acontecido na capital pernambucana ao processo de alianças do PT nas últimas eleições no Rio de Janeiro, onde o partido tem aberto mão de lançar candidaturas próprias em nome de alianças partidárias. “O PT no Rio foi sendo desmontado aos poucos, foi sendo desinflado e perdendo importância”, diz Costa.


O cientista político Clóvis Miyachi, do Nucleo de Estudos Políticos e Eleitorais da Democracia (NEPD) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), afirma que, do ponto de vista da lealdade partidária, a imagem do PT sai fortalecida após a intervenção da Executiva Nacional. "A princípio, o partido ganha em termos de mostrar que exige disciplina, porque, se não, daqui pra frente ninguém segura mais o PT, que é constituído de varias tendências", diz Miyachi.


O professor compara a situação de Recife com a de São Paulo, onde a senadora petista Marta Suplicy, apesar de ser um nome mais conhecido dos eleitores e da militância da legenda, abriu mão de sua candidatura em nome da indicação de Fernando Haddad, que teve a candidatura patrocinada pelo ex-presidente Lula. "O que ela fez mostrou para todo mundo que ela é uma militante disciplinada e soube manter seu patrimônio politico. Nesses casos, o PT sai fortalecido e mostra à sociedade o que é um partido político", opina o pesquisador.
Com informações dos Portais Uol e Terra