quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Especial: Os 125 anos de Tarsila do Amaral

Ela faria 125 anos neste dia 1º de setembro, foi um dos principais nomes da Semana de Arte Moderna de 1922. Nascida em 1 de setembro de 1886, na Fazenda São Bernardo, em Capivari, interior de São Paulo, onde passou a infância ao lado dos irmãos e teve educação refinada, chegando até a estudar na Espanha. Na ilustração da matéria, a foto da pintora ao lado de sua obra mais conhecida: Abaporu.

Casamento - Ao chegar da Europa, em 1906, casou-se com o médico André Teixeira Pinto, pai de sua única filha, Dulce. Rapidamente o primeiro casamento da artista chegou ao fim, pois marido se opunha ao desenvolvimento artístico de Tarsila e para os homens da época, a mulher só deveria cuidar do lar. Após a separação, voltou à fazenda dos pais com a pequena Dulce.

Arte - Começou a aprender pintura em 1917, e três anos depois, vai a Paris e frequenta a Academia Julian, onde desenhava nus e modelos vivos intensamente. Apesar de ter tido contato com as novas tendências e vanguardas, Tarsila somente aderiu às ideias modernistas ao voltar ao Brasil, em 1922. Numa confeitaria paulistana, foi apresentada por Anita Malfatti aos modernistas Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. Esses novos amigos passaram a frequentar seu atelier, formando o Grupo dos Cinco (Arte Moderna Brasileira).

Oswald - Em janeiro de 1923, na Europa , Tarsila se uniu a Oswald de Andrade e o casal viajou por Portugal e Espanha. De volta a Paris, estudou com os artistas cubistas: frequentou a Academia de Lhote, conheceu Pablo Picasso e tornou-se amiga do pintor Fernand Léger, visitando a academia desse mestre do cubismo, de quem Tarsila conservou, principalmente, a técnica lisa de pintura e certa influência do modelado legeriano.

Em 1924, em meio à uma viagem de "redescoberta do Brasil" com os modernistas brasileiros e com o poeta franco-suíço Blaise Cendrars, Tarsila iniciou sua fase artística “Pau-Brasil”, dotada de cores e temas acentuadamente tropicais e brasileiros, onde surgem os "bichos nacionais"(mencionados em poema por Carlos Drummond de Andrade), a exuberância da fauna e da flora brasileira, as máquinas, trilhos, símbolos da modernidade urbana.

Casou-se com Oswald de Andrade em 1926 e, no mesmo ano, realizou sua primeira exposição individual, na Galeria Percier, em Paris. Em 1928, Tarsila pinta o Abaporu, cujo nome de origem indígena significa "homem que come carne humana", obra que originou o Movimento Antropofágico, idealizado pelo seu marido. A Antropofagia propunha a digestão de influências estrangeiras, como no ritual canibal (em que se devora o inimigo com a crença de poder-se absorver suas qualidades), para que a arte nacional ganhasse uma feição mais brasileira.

Socialismo - Em 1931, vendeu alguns quadros de sua coleção particular para poder viajar à União Soviética. Nessa época Tarsila viaja com seu novo marido, o médico nordestino Osório César, que a ajudaria a se adaptar às diferentes formas de pensamento políticos e sociais. O casal viajou a Moscou, Leningrado, Odessa, Constantinopla, Belgrado e Berlim.

Logo estaria novamente em Paris, onde sensibilizou-se com os problemas da classe operária. Sem dinheiro, trabalhou como operária de construção, pintora de paredes e portas. Logo consegue o dinheiro necessário para voltar ao Brasil, pois com a crise de 1929 ela perdeu praticamente todos os seus bens e sua fortuna.

No Brasil, por participar de reuniões políticas de esquerda e pela sua chegada após viagem à URSS, Tarsila é considerada suspeita e é presa, acusada de subversão. Em 1933, ao pintar o quadro “Operários”, a artista passa por uma fase de temática mais social, da qual são exemplos as telas Operários e Segunda Classe.

Em meados dos anos 30, o escritor Luís Martins, vinte anos mais jovem que Tarsila, passa a ser seu companheiro constante, primeiro de pinturas, depois da vida amorosa. Ela se separa de Osório e se casa com Luís Martins, com quem viveu até os anos 50.

Tragédias - Em 1965, já separada de Luís e vivendo sozinha, foi submetida a uma cirurgia de coluna, já que sentia muitas dores, e um erro médico a deixou paraplégicaaté o fim da vida. No ano seguinte, a dor maior: Tarsila perdera sua única filha, Dulce, vítima da diabetes. Nesses tempos difíceis, Tarsila declara, em entrevista, sua aproximação ao espiritismo.

A partir daí, passa a vender seus quadros, doando parte do dinheiro obtido a uma instituição administrada por Chico Xavier, de quem se tornaria grande amiga. Ele a visitava, quando de passagem por São Paulo e ambos mantiveram correspondência. Tarsila do Amaral, a artista-símbolo do modernismo brasileiro, faleceu no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, em 17 de janeiro de 1973 devido à depressão. Foi enterrada no Cemitério da Consolação de vestido branco, conforme seu desejo.



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