sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ataques a voluntários são um dos principais desafios da assistência humanitária, diz Acnur

Rio de Janeiro - Oito anos após a morte do brasileiro Sérgio Vieira de Mello, alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, os ataques aos trabalhadores humanitários ainda representam um dos principais desafios enfrentados pelas equipes de voluntários. Vieira de Mello foi vítima de um atentado à bomba no escritório da ONU em Bagdá, no Iraque, em 2003, que deixou mais 21 mortos.

De acordo com o representante no Brasil do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Andrés Ramirez, as pessoas que prestam assistência em comunidades de refugiados, em áreas de conflito ou pós-conflito, estão cada vez mais vulneráveis.
“O espaço humanitário mais e mais tem sido limitado. Tem se tornado cada vez mais difícil garantir o acesso para dar assistência e proteção nessas comunidades que muitas vezes são as mais vulneráveis”, afirmou, durante evento que marcou hoje (19), no Rio de Janeiro, o Dia Mundial do Trabalhador Humanitário.

Segundo o diretor executivo da organização Médicos sem Fronteiras (MSF) no Brasil, Tyler Fainstat, isso tem ocorrido principalmente porque as equipes de voluntários são confundidas com tropas militares em áreas de conflito, como o Afeganistão. Ele destacou que nos últimos anos as ocorrências de sequestros de trabalhadores humanitários, assim como de assaltos, têm “aumentado consideravelmente”.

“Há levantamentos que apontam que houve um aumento de até 177% nos casos de violência contra esses trabalhadores num período de dez anos. Em um dos episódios, quando cinco voluntários do MSF foram mortos no Afeganistão, representantes do grupo Talibã justificaram os assassinatos afirmando que o trabalho de equipes como a nossa servia para satisfazer interesses norte-americanos na região e, portanto, os integrantes eram alvos”, lamentou.

Ele destacou, no entanto, que essa associação das forças humanitárias a símbolos, estratégias e objetivos políticos e militares não é uma realidade exclusiva do Afeganistão e acrescentou que problemas semelhantes, que dificultam a definição do espaço de atuação das equipes, são vivenciados no Iraque, na Somália, no Paquistão e na Líbia.De acordo com a ONU, há no mundo mais de 27 milhões de deslocados e 10 milhões de refugiados.

O Dia Internacional do Trabalhador Humanitário foi instituído pelas Nações Unidas em 2008 para chamar a atenção da opinião pública para o trabalho humanitário e para a importância da cooperação nacional e internacional. A data também serve para lembrar aqueles que morreram enquanto prestavam assistência, entre eles Sérgio Vieira de Mello.

Thaís Leitão & Juliana Andrade – Agência Brasil




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